Alunos do 3º ano B, da Escola Estadual Thomaz Ribeiro de Lima, participaram na última segunda-feira (5) das atividades da 1ª Semana Nacional de Arquivos, promovidas pela Secretaria de Administração, com apoio da Fundacc (Fundação Educacional e Cultural de Caraguatatuba).
O objetivo é incentivar o diálogo sobre o acesso à informação e a pesquisa nos Arquivos Municipais “Arino Sant’Ana de Barros” e “José Lúcio de Alcântara”, além de discutir temas relacionados ao trabalho infantil, trabalho escravo, eugenia, ditadura, nazismo e fascismo.
Os estudantes assistiram ao documentário “Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil”, do cineasta Belisário Franca, baseado em pesquisa do historiador caraguatatubense, Sidney Aguilar Filho, que denuncia o trabalho infantil na era Vargas e a mentalidade brasileira que permitia esse tipo de exploração.
Na época do Estado Novo, 50 crianças negras foram tiradas de um orfanato no Rio de Janeiro e levadas para a fazenda no interior de São Paulo, cujo proprietário, Oswaldo Rocha Miranda, era simpatizante do integralismo (movimento de extrema direita no Brasil entre 1932 e 1937) e do nazismo. Inclusive mandava marcar seu gado com a suástica.
Lá, trabalharam sem remuneração, recebendo educação precária e sendo submetidas a castigos físicos em caso de indisciplina e eram obrigados a cantar hinos integralistas.
Dois sobreviventes dessa época, Aloísio e Argemiro, são entrevistados no documentário.
Aloísio da Silva era o “23”, título do filme, pois os garotos eram chamados por números. Além desses dois personagens, Belisário também conseguiu o depoimento da família de José Alves de Almeida, já falecido, conhecido como “Dois”.
A historiadora e responsável pelo Arquivo Municipal, Denise Lemes, conversou com os alunos sobre a pesquisa de Sydney Aguilar Filho, fez um paralelo do documentário com a situação dos ingleses, em Caraguatatuba, que tinham uma vida à parte, na fazenda São Sebastião mais conhecida como fazenda dos Ingleses e como se relacionavam com os caiçaras. Depois levou os adolescentes para conhecer os arquivos.
“Vocês puderam perceber no filme, que foram usados fotos e vídeos da época, documentos do Arquivo Nacional, entre outros. Aqui, em Caraguá, temos vários documentos que contam momentos importantes do município como a catástrofe de 1967, o desenvolvimento da arquitetura local, da educação, da assistência social, entre outros registros”, explicou Denise.
A professora da E.E Thomaz Ribeiro de Lima, Rose Teles, disse que a experiência foi muito válida para os alunos no sentido de conhecerem como é realizado o trabalho dentro de um arquivo como também discutirá o conteúdo do documentário em sala de aula.
O secretário de Administração, Ricardo Romera Neto, acompanhou o evento. “Gostei do documentário e principalmente da presença dos estudantes. É importante discutir assuntos como ditadura, diferenças sociais para que as novas gerações”, destacou.