Beca e chinelo, orgulho e emoção. Esses foram os ingredientes que marcaram a formatura de 30 presos do Centro de Detenção Provisória Dr. José Eduardo Mariz de Oliveira (CDP), de Caraguatatuba, na manhã desta quinta-feira (25), no Programa de Educação para o Trabalho e Cidadania (PET), dentro da 2ª Jornada de Cidadania e Empregabilidade.
Os detentos receberam o diploma após fazerem apresentação especial de teatro e canto e coral para os parentes presentes. Eles foram orientados por professores e coordenadores da Fundação Educacional e Cultural de Caraguatatuba (Fundacc).
O evento contou com a presença de representantes do Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Funap (Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel), Prefeitura de Caraguatatuba, Pastoral Carcerária e Igreja Universal, entre outros.
Lucas Silveira tem 22 anos e está preso a dois anos e três meses. Ele fez questão de participar do coral e do teatro, sempre com o violão na mão. “Aprendi a tocar aos 11 anos, de ouvido. A escola serve para a gente ocupar a mente e mostrar o que temos de melhor”, disse o rapaz que tem 30 louvores escritos e sonha e gravar um CD evangélico. “Já tenho propostas e vou em busca deste sonho que me foi revelado”.
O jovem é de Bauru, no interior paulista, e conta que foi preso em Ubatuba quando estava em uma excursão. “Era usuário e a polícia me pegou com maconha e pinos de cocaína. Hoje penso na minha vida, na minha família, no que perdi e no que posso ser quando sair daqui”.
Com lágrimas nos olhos, Simone de Morais, 43 anos, chora ao ver o filho Felipe Wagner, 25 anos, de beca e com um diploma na mão. “A última vez foi quando ele tinha seis anos, na formatura do pré”, relata e acrescenta que foi uma emoção vê-lo no teatro e com novas perspectivas de vida.
As mudanças são confirmadas pelo jovem que foi preso em janeiro de 2016, em Caraguá, também por drogas, e só quer voltar para os braços de sua família, de seu filho que hoje tem seis anos. “Essa oportunidade de voltar aos estudos é um recomeço espiritual e carnal, estar no palco serve para reflexão diz o jovem que foi condenado há cinco anos, mas tem sonha em sair em maio de 2018 com redução da pena.
A presidente da Fundacc, Silmara Mattiazzo, destaca a importância da parceria com o CDP e adianta que vem mais por aí. “Vamos trazer mais atividades para culturais para essa população que precisa de assistência e carinho”.
Quem também sonha com essa parceria é o diretor da Unidade Prisional, Renato Benetti, até como forma de ajudar na redução da pena dos detentos que trabalham e estudam.